quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"O valioso tempo dos maduros"

“Contei meus anos e descobri que terei (quase) menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Terei muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele comeu displicente mas, percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial!”

Mário de Andrade (1893-1945) – "O valioso tempo dos maduros"

sábado, 18 de dezembro de 2010

Numa empresa não há meio termo, cresces ou desapareces.

Enquanto gestor e director de empresas tenho a obrigação e a responsabilidade de tomar decisões… certas! Tenho a responsabilidade de ver mais longe, aproximar o futuro, perceber tendências e ver claramente o caminho.

Não me posso desculpar com factores externos indesejáveis e incontroláveis a que habitualmente chamamos de ameaças e que culminam mais recentemente num conceito amplo, onde cabe tudo, vulgarmente denominado de “ crise”.

A crise é a grande desculpa da incompetência. Uma empresa atravessa sempre momentos que determinam o seu futuro ou o seu fim… cresce ou morres. Se nos distraímos morremos… rapidamente. Se não lemos o futuro, caímos a pique.

A Visão é fundamental para desenhar a estratégia, perceber a tendência, arriscar com pouco medo, estar atento às movimentações e aos comportamentos dos Clientes, de todos… os internos e os externos, os que se relacionam com a empresa e nela têm interesse. Falo dos consumidores, dos distribuidores, dos prescritores, dos colaboradores mas… também, dos fornecedores, dos bancos…

A Visão permite-nos separar a acção do resultado, o curto-prazo do longo-prazo. O tempo é para a gestão uma variável implacável. Temos de lidar com as alterações de curto prazo e manter a coerência do longo prazo, sem ficar ofuscados. Procurar incessantemente o crescimento. Até quando? Até o corpo aguentar!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Nas empresas... Menos papel e mais pele

O papel é uma natureza morta que em muitos casos representa a vida e nos confunde quanto à sua importância. O papel aguenta tudo, podemos simular, planear, expressar… mas não chora, não ri, não ama!

É um veículo, é um meio… morto! Morto pela tecnologia que nos últimos anos tem melhorado o nosso mundo imaginário, encurtado distâncias físicas, permitindo mobilidade e conectividade.

A tecnologia reduziu o papel nas organizações, melhorou sistemas e circuitos, facilitou processos, facilitou a coordenação e o planeamento.

Mas… é igualmente uma natureza morta, virtual - sem pessoas a tecnologia não tem sentido, empresa não sobrevive, adoece e morre.

O sistema empresa não se completa sem cérebros saudáveis que se entendem, respeitam, confiam uns nos outros e se comprometem. Vibram em conjunto com o sucesso da empresa, com os seus resultados.

A pele é a sua natureza viva, sem simulações nem imaginações. Transpira, respira … emoções e afectos que são o constituinte da relação.

A pele não simula… é real!

O papel não transpira… mas a pele sente!